sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Belerofonte e a Quimera

Belerofonte era filho adotado de Glauco, filho de Sísifo; Não se sabe muito sobre ele até a sua juventude, quando matou involuntariamente o sei irmão Belero, um tirano de sua cidade natal, Corinto. A partir daí, o herói, que originalmente se chamava Hipónoo, adquiriu o nome de Belerofonte, que significa "aquele que matou Belero". Porém, com a morte dele, Ares pede a punição do herói, fazendo com que ele tivesse de sair da região, acabando por viajar até Tirinto, uma cidade vizinha.

Lá, Belerofonte é bem recebido pelo rei Preto e sua mulher Estenebéia, governantes de tal região. Ele se põe a serviço do rei, e após algum tempo, a rainha começa a amar o rapaz, belo como um deus. Assim, em um dia em que Preto estava ausente, Estenebéia fala com o jovem, ao passo que é rejeitada, devido aos laços de hospitalidade e amizade que o herói possuía com o rei. Porém, assim  que essas palavras lhe saem da boca, o amor da rainha por ele logo transforma-se em ódio. Consumida por ele, ela diz ao marido que o convidado havia assediado-a, e pede para que ele fosse morto. 

Buscando não manchar suas mãos com o sangue de seu convidado e logo depois ser punido, o rei manda Belerofonte para a Lícia, região a qual estava sob o poder de Iobates, pai de Estenebéia. Junto a ele, o rei envia uma carta, a qual dizia a situação, e que por isso o herói deveria morrer. Assim, o jovem ruma para a Lícia, e ao chegar, é recebido com muita festa pelo rei. Só depois Iobates lê a carta, depois de o ter recebido como hóspede e ter partilhado com ele uma refeição na festa – logo, segundo a lei sagrada da hospitalidade, não o poderia matar, também pelo mesmo motivo que Preto não pôde. Movido, contudo, pelo desejo de Preto, Ióbates encarrega-o de uma missão da qual Belerofonte muito dificilmente sairia vivo: matar o monstro Quimera, que devastava a região, atacando rebanhos.

A Quimera era um monstruoso produto da união entre Equidna - metade mulher, metade serpente - e o gigantesco Tífon.  A Quimera tinha cabeça e corpo de leão, com uma outra cabeça anexa de cabra  ou de dração. Além de tudo, ela expelia fogo pelas bocas e também tinha um traiçoeiro rabo de serpente.

A Quimera

Antes de ir enfrentar o monstro, Belerofonte consulta Polieido, um adivinho da região, o qual diz-lhe que só iria vencer a Quimera caso ele montasse em Pégasus, o filho imortal de Poseidon, nascido do pescoço da Medusa cortada por Perseu. Agora Belerofonte tem dois problemas: matar a Quimera e domar o Pégasus. Ele começa a perguntar às pessoas da área, ao passo que todas respondem que nunca haviam visto o cavalo alado, ou que acreditavam nele apenas como lenda. Por fim, ele chega à conclusão de que apenas as ninfas ou as Musas saberiam a resposta. Com esse pensamento, ele põe-se a caminho do monte Hélicon, local o qual as filhas de Zeus habitavam.

Chegando lá, Belerofonte é recebido por três musas, e conversa com elas, mencionando o porque de ter se dirigido para lá. Elas o dizem que tal tarefa era quase impossível de ser realizada, mas mencionam sobre a fonte Pirene, onde elas reuniam-se para cantar, pois as águas forneciam inspiração e da qual se dizia que, quem dela bebesse, tornar-se-ia poeta. A fonte teria surgido de um coiçe de Pégaso.

No caminho até a fonte indicada pelas ninfas, Belerofonte encontra um templo dedicado à deusa Atena, e pede à deusa da sabedoria que guiasse-o, para que ele conseguisse domar o cavalo. Assim que acaba as oferendas, ele dirige-se para fora do templo, e dorme. Em seus sonhos, ele vê Atena, a qual lhe revela sua verdadeira paternidade: Poseidon. No sonho, ela lhe entrega uma rédea dourada e ordena que passasse-as no cavalo, o qual estava perto deles. Ele consegue domar Pégasus, mas apenas até acordar e perceber que fora um sonho. Mas surpreendentemente, as rédeas estavam realmente ao seu lado quando ele acordou.


Logo o herói já estava de volta ao seu caminho, e rapidamente chegou aos arredores da fonte. Escondido, pacientemente esperou pela chegada de Pégasus, que aconteceu pouco tempo. Porém, assim que o cavalo chegara, ele havia percebido a presença de estranhos no seu local de descanso, e por nada acalmava-se. Pensando rapidamente, Belerofonte pega uma pedra e a joga para um arbusto atrás do cavalo, sem que ele veja. O barulho e o movimento conquistaram o olhar do animal, e antes que Pégasus pudesse se virar novamente, Belerofonte agarra-se em seu pescoço, passando rapidamente as rédeas nele. Assim que as rédeas são colocadas, Pégasus torna-se completamente amável.

Após um descanso na fonte, os dois tomam o caminho de volta à Lícia, e passaram a procurar a Quimera. Momentos depois, o herói vê uma área com troncos de árvores queimados, e vê em seguida a Quimera saindo de seu esconderijo, para ver o que ocorria fora de sua toca. Assim que vê os inimigos, o monstro começa a lançar bolas de fogo, sem sucesso. Pégasus e Belerofonte voavam alto, garantindo a escapada dos ataques. Do alto, Belerofonte pegou uma lança e arremessou em direção a Quimera, acabando por conseguir matar o monstro.


Assim, Belerofonte volta até Iobates com a notícia de que havia derrotado a Quimera. Porém, o rei planejava livrar-se dele a qualquer custo, e manda-o em direção à uma tribo de belicosos guerreiros, os quais ele mata a maioria do alto, cavalgando Pégasus, e o resto dispersa-se após tal ataque. Ainda tentando matar o herói, Iobates manda-o atacar as Amazonas, guerreiras extremamente fortes e perigosas, confronto o qual ele também sai vencedor. Porém, assim que se dirige à cidade, ao longo do rio Xanto, ele é recebido pelos guerreiros do rei.

Vendo número tão grande de guerreiros ele lembra-se da informação de Atena acerca de sua paternidade e pede ajuda à Poseidon. Assim que solicita ajuda ao seu pai, uma parede de água formou-se atrás dele, e à medida que ele avançava, também avançavam as águas em suas costas. Os soldados do rei bateram em retirada. 


Convencido, então, de que Belerofonte só pode ter origem divina, Iobates o casa com sua filha.   Tempos depois, um mensageiro chega até Preto com uma carta de Iobates, dizendo a real situação. Com isso, o mundo de Estenebéia foi abaixo pois toda aquela farsa veio á tona, e ela perdeu todo tipo de riqueza e fora banida do palácio. Recusando-se a viver como uma cidadã normal, ela acaba por encontrar seu fim em uma corda na árvore. Após a morte de Iobates, o trono passa para Belerofonte.

Porém, com o tempo, o poder subiu à cabeça de Belerofonte, somado ao fato de ele ser filho de Poseidon, fazendo-o achar que poderia comparar-se aos olimpianos. Nisso, ele pega Pégasus e ruma em direção ao Olimpo, voando cada vez mais alto. Ao ver a audácia do herói, Zeus manda uma vespa para picar o cavalo. Assim que sentiu a picada, o animal começou a debater-se com seu cavaleiro em suas costas, derrubando-o. Porém, antes de atingir o chão, Atena salva-o, portanto Belerofonte não morreu com a queda, mas sim como um mendigo louco e aleijado procurando Pégaso.

Belerofonte tentando subir ao Olimpo